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Jean Gabriel Villin
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O Artista
Jean Gabriel Villin em Porto Ferreira

JEAN GABRIEL VILLIN

Considerado um dos melhores ilustradores do Brasil, o francês naturalizado brasileiro tinha paixão por nosso país, nossa cultura e nosso folclore.

Em 1925, aos 19 anos, o jovem Villin, com diploma recente de desenhista em porcelana, desembarcava em Porto Ferreira para trabalhar na Fábrica de Louças. Mudou-se para São Paulo, onde foi funcionário público e dedicou-se também à ilustração e à publicidade. Casou-se com a ferreirense Nalzira Pinto Cortez e estava sempre em Porto Ferreira, lugar de sua predileção, onde escolheu viver depois de aposentado e morou até sua morte, em 1979.

Em maio de 2019, através do ProAC, a cidade recebeu a exposição “Jean Gabriel Villin, um francês à brasileira”, com a vida e obra do artista, apresentando anos de pesquisa e um rico acervo. 

Carta Diretor da Escola.jpg
NaturalizaçãoR2.jpg
DO 1943.png
Titulo_de_Cidadão

1906

- 28 de maio, nascimento em Amiens, França

1915

- aos 9 anos, vai para Paris estudar

1919

- 1º de outubro, inicia estudos na "Ecole Bernard Palissy"

1923

- 1º de agosto, conclui estudos com diploma de Desenhista em Porcelana

1925

- 1º agosto, indicado pelo Diretor da escola como o melhor em técnica

e conduta, em carta certificada pelo comissário de polícia de Paris

- 20 agosto, assinatura do contrato de trabalho para a Fábrica de Louças

de Porto Ferreira na Embaixada do Brasil na França

- outubro, chega na Estação Ferroviária de Porto Ferreira

1927

- começa a fazer trabalhos em São Paulo

1929

- 7 de janeiro, casa-se com Nalzira no civil e vão morar em São Paulo

1932

- ano provável da nomeação como funcionário público estadual

1933

- 16 de outubro, decreto de naturalização brasileira

1934

- participa do 1º Salão Paulista de Belas Artes, em São Paulo e recebe Menção Honrosa

- 18 de setembro, inauguração do Marco Zero de São Paulo,

obelisco desenhado pelo artista

1935

- participa do 2º Salão Paulista de Belas Artes, em São Paulo e

recebe Menção Honrosa por Arte Decorativa

1937

- anuncia-se em jornais como Desenhista e Professor de Arte

1938

- funda com amigos a agência de propaganda PANAM

1943

- recebe Alvará de Publicidade da Prefeitura de São Paulo:

Jean Gabriel Villin – propagandista (14.375)

1950

- participa do no 1º Salão Nacional de Propaganda

- participa da fundação da Associação Nacional da Propaganda e da Associação Paulista de Propaganda

1953

- torna-se Diretor de Arte da agência de propaganda JWThompson

1957

- participa do XXXIII Salão Paulista de Belas Artes e ganha a Pequena Medalha de Prata, com o trabalho A VOLTA

1961

- 13 de julho, publicada sua aposentadoria como funcionário público

1963

- ano provável de sua mudança em definitivo para Porto Ferreira

1968

- recebe o título de Cidadão Ferreirense

1979

- 5 de outubro, morre em Porto Ferreira onde é enterrado

1980

- ganha nome de rua no bairro Americanópolis em São Paulo

1987

- 22 de maio, morre sua esposa Nalzira em Itu, enterrada em Porto Ferreira

1999

- ganha nome de rua no bairro Jardim Porto Novo em Porto Ferreira

2019

- maio, homenageado com a exposição

"Jean Gabriel Villin, um francês à brasileira"

- 31 de outubro, lançamento do site 

"Jean Gabriel Villin"

Contrato_com_Mariano_Procópio.png
Ficha_Funcionário_Público
Ecole Bernard Palissy
Carteira de Servidor Inativo
Villin no rio Mojiguaçu em Porto Ferreira_1950

As filhas Renée e Louise e os amigos Dorival Braga e Quito Gentil falam sobre o artista e contam algumas curiosidades de Villin.

A Exposição
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A EXPOSIÇÃO

Realizada na sede social do Porto Ferreira Futebol Clube

de 3 a 31 de Maio de 2019

Desenhista Publicitário Cartógrafo 
Ceramista Pintor Ilustrador
Ilustrou a revista Arlequim e livros de Monteiro Lobato
É dele o Marco Zero de São Paulo
Vida e obra do mais brasileiro dos franceses
Jean Gabriel Villin, ferreirense de coração

Porto Ferreira era o paraíso para Villin. Onde encontrou o amor, os familiares e conquistou muitos amigos. Nada mais apropriado do que a homenagem acontecer na cidade que tanto amava.

A exposição foi fruto de um intenso trabalho de pesquisa, reunindo uma equipe técnica muito competente e apaixonada. Teve a aprovação do ProAC e o patrocínio e apoio de empresas e pessoas que acreditaram nela desde o começo.

Trouxemos um pouco da exposição para que você possa contar que conheceu a vida e obra de Jean Gabriel Villin, um francês à brasileira!

Villin na Fábrica de Louças
Marco Zero O Estado de SP 1934.09.19R.jp

O MAIS BRASILEIRO DOS FRANCESES

Jean Gabriel Villin nasceu em Amiens, a maior cidade da região de Picardie, a cerca de 120 km de Paris, França. Famosa pelos seus numerosos canais e jardins flutuantes floridos cujo único acesso é de barco no meio de muito verde e natureza exuberante. Seu pai, Jean Baptiste Villin, era especialista em caçadas e acompanhava os nobres na região das antigas terras de caça preferida pelos reis. Também as águas fazem dali o paraíso dos pescadores com muitos rios, lagoas e pântanos.

Aos 9 anos o menino Jean foi estudar em Paris e aos 13, entrou na "Escole Municipale des Arts - Lycée National Bernard Palissy", uma escola secundária para capacitar jovens com habilidades artistas a serem usadas na indústria. Em 1º de agosto de 1923, conclui os estudos com diploma de Desenhista em Porcelana.

GAROTO SÉRIO E DE CONFIANÇA

No ano de 1925, Mariano Procópio de Araújo Carvalho, um dos novos proprietários da Fábrica de Louças de Porto Ferreira, busca em Paris um especialista. A recomendação do diretor da escola é que contrate o ex-aluno Jean Gabriel Villin formado há dois anos e que afirma ser o melhor de trabalho e conduta. “Ele é um garoto muito sério a quem concedo toda confiança”, atesta o diretor em carta de recomendação certificada pelo Comissário de Polícia de Paris.
O jovem é contratado para trabalhar no Brasil como decorador-ceramista da Fábrica de Louças de Porto Ferreira. Consta do documento assinado pelo pai:
3º O salário mensal do Sr. VILLIN Jean Gabriel, é fixado em um conto de reis brasileiro. Além disso, o Sr. PROCOPIO concorda em alimentar e acomodar adequadamente o Sr. VILLIN.
Sua mãe, Marie Hortense, que já havia perdido 3 filhos para a guerra, talvez tenha rapidamente se conformado pelo fato de seu filho de 19 anos ir trabalhar numa pequena e desconhecida cidade no distante país. Fica evidente a preocupação da França com novas guerras na cláusula final: Se uma obrigação militar o obrigar a regressar a França antes do termo do contrato, os custos da viagem de regresso serão suportados pelo Sr. PROCÓPIO.

ENTRE MOSQUITOS E FLECHADAS

Quando o desenhista chegou Porto Ferreira não se parecia em nada com a sua glamorosa Paris. Tinha apenas 29 anos de emancipação política e vivia da agricultura, em especial do nosso ouro verde, o café. Era atendida pela estrada de ferro e contava com pouco mais de 9 mil habitantes. A Fábrica de Louças, aberta em 1921, era a maior indústria da cidade que teve sérios problemas com malária e outros males. Graças ao embarcadouro que fora construído anos atrás e abandonado, os moradores sofriam com as sérias doenças causadas pelos mosquitos e insetos que se proliferavam. “Terra de índios”, diziam os das cidades vizinhas.

Mas, Villin fora flechado, mesmo, pelo Cupido do Amor. Apaixonou-se pela jovem professora, filha do português “Joaquim da Eira”, dono da pensão onde ficara hospedado. A moça tratou logo de aprender francês e tornou-se sua grande intérprete e companheira. Afinal, o francês chegou ao Brasil sem compreender nenhuma palavra em português.

Através de Mariano Procópio, Sud Mennucci e Lourenço Filho fez novos contatos em São Paulo e em final de 1927 começou a ilustrar para revistas, livros, jornais e a fazer trabalhos para o mercado publicitário. Vivia entre São Paulo e Porto Ferreira.

Em 1929 casou-se com a ferreirense Nalzira Pinto Cortez e com a nomeação da professora estadual para uma escola no bairro São Miguel Paulista, na Zona Leste de São Paulo, mudaram-se para a capital onde criaram 4 filhas que os presentearam com 14 netos.

SÃO PAULO DAS OPORTUNIDADES

Mariano Procópio apresenta Villin a Américo Rego Netto, jornalista esportivo, redator de “O Estado de São Paulo” e trabalham juntos na revista “Boas Estradas” em 1927, sendo Jean ilustrador do periódico. Foi ilustrador da revista Arlequim (1927 e 1928), tendo Sud Mennucci e Américo como diretores. Citado em lançamentos de livros - com belíssimas ilustrações de J. G. Villin, e disputado pelas agências, passa a ser um dos ilustradores mais procurados do mercado. Seus layouts já eram uma ideia pronta, um “anúncio completo”. Considerado o layoutman mais rápido de São Paulo, seus serviços eram procurados por agências grandes, médias e pequenas que ele atendia ao mesmo tempo como freelancer - Ayer, Mc Cann, Thompson, Standard. Participou da fundação da Panan, uma agência de sucesso, mas logo saiu da sociedade - gostava de ser freelancer.

Nos anais da publicidade contam que quando precisou viajar para a França com urgência, entregou mais de 50 layouts da noite para o dia, recebendo de uma só vez, toda a bolada que necessitava para tentar chegar a tempo ao velório do pai. As filhas ainda lembram da casa cheia de layouts por todos os lados. E que, em outra ocasião, fez layouts para 3 agências diferentes disputarem a aprovação pela GM e o cliente teria aprovado um anúncio em cada agência, ficando com os 3 trabalhos de Villin.

Ninguém sabe ao certo a data exata de sua nomeação como “Cartographo da Directoria de Ensino, Departamento de Educação e Saúde do Estado de São Paulo”, mas é provável que tenha sido em 1932 ou 1933. Pode tanto ter sido um convite de Lourenço Filho, como de Sud Mennucci, já que ambos ocuparam o cargo de Diretor-Geral do Ensino, em 1932 e 1933, respectivamente, (cargo equivalente a Secretário Estadual da Educação) e eram próximos - Nalzira era contraparente dos dois.

No segundo semestre de 1933, Jean Gabriel Villin é intercambiado do Departamento de Educação para o recém-formado Instituto de Educação e foi professor de desenho nos “cursos de preparação e aperfeiçoamento para professoras de escolas maternais e jardins da infância” - o diretor do Instituto era Lourenço Filho. Também deu aulas de desenho em seu estúdio na Rua Barão de Itapetininga, quase esquina da Praça da República.

Ilustrou dezenas de livros, especialmente infantis. O Marco Zero de São Paulo que era uma ideia antiga, mas só inaugurado em 1934, é um monumento criado por Villin que indica as principais vias e saídas da época.

PORTO DE CHEGADA

Villin nunca se desligou de Porto Ferreira onde logo teve seu rancho ao lado do Córrego Água Parada – o primeiro de alvenaria da cidade, depois uma chácara na rua Manoel Lourenço Júnior, na Vila Nova. Esses lugares eram o paraíso da família que sempre se reunia em feriados e férias na cidade, além de receber amigos e parentes. "Antes, as férias eram no Tio Quinzinho”, lembram Louise Hélène e Renée Marie, filhas de Jean.

Em Porto Ferreira a vida era uma festa, frequentavam o carnaval, bailes do PFFC e o Clube de Campo das Figueiras. Na cidade o artista podia caçar e pescar e, ainda, pintar livremente, sem pedidos rápidos das agências, sem encomendas de escritores ou do funcionalismo público. Ele podia sentar em uma pedra no meio do rio e desenhar, avistar um pescador e pintar, visitar uma olaria e desenhar...um amigo.

Em 1963 ou 1964, depois de aposentado e todas as filhas casadas, voltou em definitivo para Porto Ferreira com Nalzira, vivendo na cidade até a sua morte, em 05 de outubro de 1979. Sua esposa faleceu em Itu em 22 de maio de 1987. Ambos estão enterrados no antigo cemitério de Porto Ferreira.

DNA BRASILEIRO

“Papai nasceu na França por acaso, ele era brasileiro, ele amava o Brasil”, dizem as filhas que ostentam em suas paredes inúmeras obras do pai. Nas telas do artista, em seus quadros, ilustrações, vemos lugares, pessoas, bichos, paisagens, tudo muito brasileiro. É possível reconhecer o país nos mamoeiros, nas palmeiras, laranjais, no mastro de São João e até nas roupas dos personagens. Desenhava familiares, pescadores, anjinhos de procissão, índios, figuras do folclore como Curupira e, especialmente, o Saci-Pererê. Comemorava Folia de Reis, Páscoa, São João, Natal, Ano Novo e adorava carnaval, catira, cerveja e comida brasileira.

REVERENCIAR SUA MEMÓRIA

Artista plástico talentoso, especialista em bico de pena, utilizava-se de técnicas variadas como giz pastel, aguada, litografia e xilografia. Desenvolveu algumas técnicas únicas, um tipo de "scratchboard". Ganhou alguns importantes prêmios em exposições de arte. Criador compulsivo, podia desenhar com uma rapidez impressionante, enquanto falava sem parar.

Muitos se lembram desse francês mais que brasileiro dirigindo sua motocicleta pelas ruas de Porto Ferreira, com o cachimbo de tabaco irlandês colado à boca. Educado, gentil, atencioso, inteligente e divertido, falava com um charmoso sotaque e sempre tinha muitas histórias para contar.

Em maio de 2019, com muitas de suas obras reunidas e expostas em Porto Ferreira, foi prestada uma justa homenagem a esse francês, brasileiro por opção e ferreirense de coração!

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Nalzira Pinto Cortez.jpg
Villin em Boas Estradas
Villin e sua moto
Louise Hélène Villin Prado
Renée Marie Villin Denunci

ILUSTRADOR

Villin ganhou espaço muito rapidamente como ilustrador no meio editorial paulistano, em 1927 e 28 foi ilustrador da revista Boas Estradas e Arlequim, ilustrou capa da revista Ariel e participou da publicação de 1929 - Illustração Brasileira. Foi muito requisitado no meio publicitário, era considerado o leiautista mais rápido de São Paulo e um dos melhores ilustradores do país.

As amizades e relacionamentos iniciados em Porto Ferreira abriram campo para que seus talentos fossem bem aproveitado através de novos contatos. Sud Mennucci era editor da revista Arlequim e editor do ”O Estado de São Paulo” e Mariano Procópio de Carvalho era da Associação de Estradas de Rodagem de São Paulo, editora da revista Boas Estradas. Lourenço Filho era ligado ao mercado editorial e livros didáticos.

Cartografia Caipira

Não se sabe ao certo quantos livros Villin teria ilustrado, mas em nossa pesquisa identificamos 43 livros. Entre 1928 e 1930, ilustrou 11 livros de Monteiro Lobato e deixou seu traço de brasilidade poética nos detalhes da paisagem, na fauna e na flora, nas roupas, no mastro de São João e no único mapa cartográfico do Sítio do Pica Pau Amarelo. Há quem acredite que parte do sucesso de “Reinações de Narizinho” deve-se, também, às belíssimas ilustrações de Villin.

Por ocasião da Semana de Monteiro Lobato em Taubaté, em abril de 1971, Villin escreveu o artigo que foi publicado na Revista Superman nº 87, da Editora EBAL, ‘Notícias em Quadrinhos’:

Eu e Monteiro Lobato

            Comecei a ilustrar alguns livros de Monteiro Lobato lá pelos anos de 1929-1930, se a memória não me falha. Monteiro Lobato estava em Nova Iorque, e J. U. Campos também (estudando desenho). O ilustre escritor gostou do brasileirismo de minhas ilustrações. Tive diversos contatos com Monteiro Lobato; a primeira vez em sua residência na Aclimação, a fim de combinar as ilustrações de seu livro “Reinações de Narizinho”, se não me engano. Êle possuía uma grande sensibilidade artística e, embora deixasse o ilustrador à vontade, sabia perfeitamente o que convinha para seus livros.

Após diversos contatos puramente profissionais, vi Monteiro Lobato pela última vez quando, saindo da prisão, êle me procurou em minha residência a fim de saber o enderêço de um amigo comum: Leo Vaz, que era meu vizinho. A prisão era devido à polêmica que manteve com sua verve e mordacidade costumeira a respeito do petróleo brasileiro.

Depois êle entrou na política de onde sairia rapidamente: para logo morrer em seguida.

Entrei para a publicidade definitivamente, pois a ilustração até hoje não é compensadora.

Agora, aposentado definitivamente, só pinto e desenho por prazer ou por servir aos outros.

Talvez existam algumas ilustrações minhas na Companhia Editôra Nacional: elas pertencem ao Presidente da Cia., Octales Marcondes. Não possuo nenhuma.

Sinceramente, minha produção artística não me envaidece; é uma modesta mais honesta contribuição ao meu País de adotação. Tenho mais orgulho dos meus 13 netos e netas que, com certeza, saberão contribuir como honestos brasileiros para o progresso dêste Brasil.

Aqui, em Pôrto Ferreira, estou às ordens, na terra onde Thales escreveu seu livro Saudades, no meio das flôres e dos beija-flôres. Há sempre uma cama limpa e um prato cheio.

Ilustração de J G Villin.png

REVISTAS E LIVROS ILUSTRADOS POR VILLIN

Nossa pesquisa identificou essas 45 publicações e conseguimos fotografar a maioria: algumas são das filhas de Villin, outras da coleção de Magno Silveira, outras da coleção de Waderez Macedo e do Museu Municipal de Porto Ferreira.

“ Quando eu enriqueci a paisagem brasileira, em agosto de 1936, com meu sotaque hamburguês, o inconfundível sotaque parisiense do Villin já era marca registrada nos meios publicitários de São Paulo... francês bem-humorado, de cara sadia e de inegável talento. Seu sorriso lhe rasgava a fisionomia e facilmente desmanchava qualquer restrição ou crítica que porventura tivesse surgido.... Diria que sua própria fisionomia se refletia um tanto nos traços de seus trabalhos... O grande pescador e sempre bom amigo... Villin foi, sem dúvida, pessoa positiva. Marcante. Um homme de personnalité. ”

 — Gerhard Wilda, publicitário, um dos maiores diretores de arte da história da publicidade brasileira.

“Era um tipo alegre, irreverente, extremamente individualista, que na época contrariava sua vocação de freelancer como Diretor de Arte da JWT... Rapidíssimo para criar, reunia condições extraordinárias para atuar com freelancer. Chegava o cidadão no estúdio com um anúncio imobiliário de uma página de jornal, Villin cachimbando, contando piadas, em 20 minutos apresentava um layout forte, vigoroso, robusto, extremamente vendedor...O folclore de Villin tem outras passagens. Como a ocorrida em 1938...Em pouco mais de 24 horas fez 52 layouts! E foi para a França.”

— José Afonso Corrêa Neto, publiciitário

Villin saindo da Agência de Propaganda Panan - Casa de Amigos. Sócio por pouco tempo, preferia ser freelancer - acervo Família

Modernidade fugaz da década de 1920!

Considerada como uma das publicações mais modernas da época e a que melhor retrava a cidade de São Paulo, a revista foi publicada de 1927 a 1928. Jean Gabriel Villin era seu ilustrador e desenvolveu uma tipografia e capas modernistas.

A Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin da Usp digitalizou e disponibilizou os 25 fascículos da revista.

Revista Arlequim

fotografia de exemplar da revista Arlequim - acervo do Museu Municipal 

FICHA CATALOGRÁFICA

Título: Arlequim Revista de actualidades

Editor: Mennucci, Sud, 1892-1948; Goulart, Maurício; R. Netto, Américo. Ilustrador: Villin, J. G.

Imprenta: São Paulo : Typ. Irmãos Ferraz, 1927-1928

Periodicidade: irregular

Descrição Físic: 25 fasc.

Coleção: 1927 (n. 01-07); 1928 (n. 08-25)

Referência completa: ARLEQUIM: Revista de actualidades. São Paulo : Typ. Irmãos Ferras 1927-1928. 25 fasc.

Telas de Arlequins de Villin - acervo Renée Marie

REVISTA ARLEQUIM

SAUDADE

pelos traços de Villin

O livro Saudade teve 66 edições em 83 anos de publicação.

Escrito em Porto Ferreira em 1918, publicado a primeira vez em 1919, ganhou ilustrações de Villin em 1949, quando comemorou 30 anos.

O livro “Saudade” foi escrito pelo piracicabano Thales Castanho de Andrade em 1918 em Porto Ferreira, onde viveu por dois anos quando lecionava no Grupo Escolar, hoje EMEF Sud Mennucci. Residia na Rua 15 de Novembro nº 86, atual Rua João Procópio Sobrinho, em uma casa destinada aos professores. Na sua fachada tem uma placa de bronze que foi colocada no dia 29 de maio de 1949, em solenidade com a presença do escritor, que é considerado o criador da nossa literatura infanto-juvenil. Saudade foi destinado à leitura nas escolas primárias do Brasil durante décadas e traz uma visão de valorização do campo. Tornou-se referência na literatura didática brasileira e é citado como o nascedouro da ideia da criação das Escolas Normais Rurais no Brasil.

Impresso a primeira vez em 1919, teve 66 edições, sendo a última em 2002. A edição comemorativa de 30 anos, 42ª edição, publicada em 1949, tem capa e ilustrações de Villin, que sempre quis ilustrar o livro - a Nalzira serviu de modelo para a Violeta no primeiro livro, quando o casal ainda nem se conhecia. As ilustrações de Villin com campos, montanhas, árvores, pés de frutas, animais, reuniões de amigos, família, remetem logo à brasilidade e o “caipirismo” das imagens, levando o leitor a uma identificação imediata. Villin ilustrou, também, “Campo e Cidade” do mesmo autor, que teve uma única edição de 5 mil exemplares em 1964.

Página com autógrafo de Thales de Andrade.gif
Capa do Livro Saudade.jpg
Página com autógrafo de Thales de Andrade.gif

Em Porto Ferreira Villin podia desenhar sem compromisso, sem encomenda, prazo ou briefing . Desenhou vários lugares de sua cidade de predileção e muitas dessas obras foram presenteadas aos amigos e familiares. Algumas doadas ao Museu Municipal Professor Flávio da Silva Oliveira, que colaborou  a exposição.

Tinha um amor enorme ao Brasil e o expressava em suas obras. Nossa flora, fauna, nossa gente, lendas e mitos estavam sempre presente em seus trabalhos, nos quadros, nas ilustrações e na publicidade.

Latinha, minhoca, vara, anzol e voilá!

Era preciso bem pouco para ser feliz em Porto Ferreira - o artista adorava caçar, pescar, matutar e desenhar.

Nas obras do artista, vemos a inspiração às margens do rio Mojiguaçu, em Porto Ferreira.

Os personagens desses quadros são ferreirenses, nosso povo simples e trabalhador que ele pintava com olhar de quem enxergava aquela dura e sofrida realidade.

- Olha o passarinho!

A fisionomia de parentes e amigos retratados com perfeição. Quem conhece, reconhece.

Villin dizia que os brasileiros tinham uma relação única com os anjos: amiga, próxima e amorosa. Ele achava linda as procissões das cidades pequenas em que as crianças se fantasiavam de anjos, muitas vezes para cumprir promessas de seus pais ou de algum parente.

Se você prestar atenção nesta coleção, perceberá como ele brinca com o tema.

O mito do Saci foi difundido por Monteiro Lobato em seus livros, alguns ilustrados por Villin, que tinha fascínio por nossos mitos e nossas lendas. Villin também divulgou nosso folclore em muitas de suas peças publicitárias.

Jean desenhava um Saci meio etéreo, um moleque arteiro, traquina – ele adorava presentear com Sacis que fazia em segundos, como num passe de mágica. Na exposição reunimos algumas dessas obras e aqui no site. Mas, sabemos que ainda tem muitos Sacis de Villin soltos por aí!

Ilustração de Villin

Çaa Cy Perereg

Saci Pererê em tupy

 

A lenda do Saci é uma mistura de mitos e congrega as três raças que compõem o povo brasileiro. Surgiu das lendas indígenas de um indiozinho que protegia nossas florestas e teria o poder de ficar invisível e confundir os caçadores. Apropriado pelos escravos, o Saci tornou-se negro e com cachimbo na boca.  Fazia muitas traquinagens, colocava sal ao invés de açúcar, apimentava a comida, trocava as coisas de lugar, roubava ovos, fumo, dava nó nas crinas dos cavalos.

O Saci era a rebeldia do escravo doméstico que na casa grande propagava a lenda do arteiro. A carapuça vermelha é um elemento europeu inspirado no piléu, que desde a antiga Grécia já era usado como símbolo de cidadão livre.

Hoje o Saci, com seu histórico de resistência, renasce como símbolo do homem que deseja ser livre, como um dia foram os guaranis e os negros.

O que diz a lenda...

Os Sacis vivem por 7 anos em nós dos bambuzais e só depois saem para a vida de travessuras. Morrem com 77 anos. Para caçar Saci precisa ter redemoinho de vento, garrafa, rolha de cortiça e peneira de taquara. Sua magia está no gorro, quem conseguir roubar-lhe, terá sua submissão.

Se você entrar na mata e falar bem alto três vezes:

Saci, Saci, Saci...o Saci aparece!

lustração de Villin
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FICHA TÉCNICA DA EXPOSIÇÃO

Curadoria

Bel Parolim e Walderez Macedo

Fotografia

Guilherme Zullo

Designer Gráfico e Programação Visual

Magno Silveira

Assessoria de Comunicação

Evandro Denzin

Produção de Audiovisuais

Cesar Rodrigo Beltran

Coordenador de Monitoria

Emerson Prata

Assistente de Produção

Rafael Valforte

Projeto Expográfico

Carolina Ricca e Raul Valforte

Idealização e Pesquisa

Walderez Macedo

Agradecimentos especiais à família Villin e ao casal Rita Taufic e Gilberto Zachi

Conheça mais sobre a exposição pela fanpage Jean Gabriel Villin             

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Contato

O livro "Um francês à brasileira" está em fase de produção, quem tiver obras, informações ou fotografias de Jean Gabriel Villin, favor entrar em contato conosco.

CONTATO

jgvillin@gmail.comTel: 55 19 997571414

Obrigado! Mensagem enviada.

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